Bebês reborn: afeto, arte ou exagero? A polêmica por trás da febre que conquista adultos no mundo todo
Eles choram — ou quase. Tomam mamadeira, usam fraldas, ganham nomes, enxoval completo e até certidões de nascimento. Mas não respiram, não crescem e, na verdade… nem são de verdade.
Estamos falando dos bebês reborn, bonecos hiper-realistas que vêm chamando atenção nas redes sociais e despertando emoções intensas por onde passam. O que começou como uma vertente artística se tornou uma febre — e também uma polêmica.
O Portal Rio Branco do Sul investigou essa tendência que está cada vez mais visível em vídeos, feiras e comunidades online, e levanta uma questão: até que ponto vai o apego por algo que não é humano?
Muito mais que bonecos
Feitos à mão com técnicas que simulam manchas de pele, veias, peso e textura de um bebê real, os reborns impressionam. Para muitos, são verdadeiras obras de arte. Para outros, são ferramentas terapêuticas. Mas há quem vá além: trata esses bonecos como filhos — com todos os rituais de cuidado.
Pesquisas mostram que adultos criam rotinas reais com os reborn: alimentam, vestem, colocam para dormir e até saem em público com carrinhos de bebê, despertando olhares curiosos ou confusos. Há registros de “chás de bebê”, aniversários mensais e sessões fotográficas com esses bonecos. Em grupos virtuais, os donos se referem aos reborn como filhos e compartilham detalhes do “dia a dia” com seus “pequenos”.
Entre o conforto emocional e o excesso
De acordo com especialistas em comportamento e saúde mental, o uso dos bebês reborn pode ter um lado positivo: há relatos de melhora em pacientes com depressão, ansiedade, e até em idosos com Alzheimer, usando os bonecos como forma de terapia afetiva. O toque e o cuidado, mesmo simbólicos, podem gerar conforto emocional.
No entanto, o alerta surge quando esse apego ultrapassa os limites da imaginação ou da memória afetiva e começa a substituir relações reais. Quando o reborn vira o único foco de afeto, pode ser um sinal de isolamento social ou dificuldades emocionais profundas.
Olhares na rua e julgamentos na internet
Comportamentos mais extremos acabam sendo alvos de críticas. Não são raras as reações de espanto em locais públicos, quando alguém percebe que o “bebê” no carrinho não se mexe. Nas redes, os comentários vão do apoio à preocupação: enquanto alguns defendem como arte e alívio emocional, outros chamam de obsessão ou até mesmo “bizarrice”.
A internet está cheia de vídeos com milhões de visualizações, seja mostrando “rotinas com reborn”, seja apenas registrando o realismo das bonecas. Em contrapartida, páginas de humor também viralizam com sátiras e críticas a esses conteúdos.
Um mercado que não para de crescer
Mesmo com todas as controvérsias, o mercado dos bebês reborn segue aquecido. No Brasil, o setor movimenta milhões de reais anualmente. Artistas reborn — como são chamados os que criam os bonecos — têm listas de espera e vendem kits completos que chegam a ultrapassar R$ 3 mil.
Além disso, há cursos de formação para quem quer aprender a arte, eventos especializados, lojas virtuais, acessórios personalizados e comunidades cada vez mais organizadas.
Afinal, é saudável ou preocupante?
Tudo depende do contexto. Em crianças, é uma brincadeira hiper-realista. Em adultos, pode ser consolo, arte ou mesmo uma forma de lidar com o luto e a solidão. Mas, se o reborn passa a ocupar o lugar de vínculos humanos reais, talvez seja hora de refletir.
No fim, os bebês reborn não são apenas bonecos. Eles nos fazem olhar para algo maior: nossas carências, afetos, formas de preencher vazios — e os limites entre o real e o imaginário.
Curioso ou assustador? Terapêutico ou exagerado?
A discussão está lançada — e os bebês reborn, cada vez mais presentes.
Matéria original do Portal Rio Branco do Sul – reprodução permitida com créditos.

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